segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Kuṇḍalinī & Esquizofrenia


Por Fernando Liguori

ALGUNS meses atrás, eu recebi um e-mail de uma psicóloga, praticante de Yoga, com uma indagação bem inquietante. Antes de respondê-la, recorri a alguns adeptos tântricos de confiança e a alguns médicos ayurvédicos de bastante credibilidade, tanto no Brasil quanto na Índia. Agradeço aos ācārya-s Omkarnāth e Vidyānanda e aos Drs. Remmesh Datu e Sunjib Mukherjee pela confiança, ajuda e a oportunidade de aprendizado.

O que se segue é uma parte do texto enviado pela psicóloga:

> Date: Sat, 2 May 2009 10:39:11 -0300
> Subject: Kundalini e esquizofrenia
> From: julianashanti@...
> To: anuttarakulacarya@hotmail.com

> Oi acharya, desculpe tomar seu tempo.
>Sou leitora de seu blog e gostaria de lhe fazer uma
> pergunta. [...] Pratico yoga faz cinco anos
>e sou psicóloga. Atualmente estou atendendo uma
> paciente bipolar com um diagnóstico de paranóia
>prolongada e esquizofrenia. Recentemente
> ela iniciou um tratamento com shiroddhara para
>ajudá-la. Além de fazer acupuntura e ter
> uma dieta à base de suplementos nutricionais e ervas,
>parece que nada tem ajudado. Ela
> pratica meditações e diz que um ambiente calmo,
>com pouca luz, musicas elevadas e incenso
> ajudam a acalmá-la. Mas algo que me deixa intrigada,
>são as fortes dores de cabeça, sensação
> de queimação nas costas e nuca. Todo este problema,
>tanto a mente desfragmentada quanto as
> sensações, seriam um despertar da
>energia kundalini? Obrigada, Juliana S.

Em minha resposta, me preocupei em traçar um paralelo entre o despertar e a ascensão da kuṇḍalinī (que são coisas distintas) e possíveis desajustes psíquicos provindos desta experiência mística. Mas para fazê-lo eu teria de levar em consideração minhas próprias experiências e as experiências de amigos com um grau mais avançado de prática e realização. Como ela citou um tratamento ayurvédico, procurei também amigos com uma bagagem maior do que a minha na área, o que ampliou meu campo na pesquisa.

De qualquer maneira, devemos compreender que o despertar e a ascensão da kuṇḍalinī sempre ocorrem de forma distinta. Não há uma fórmula exata, e aquele que diz o contrário está enganando ou está sendo enganado. Se fosse o caso, não existiriam tantos métodos diferentes para se obter este tipo de experiência e, quem sabe, realização espiritual. Portanto, em cada um, esta experiência será diferente, não importando o grau de desenvolvimento espiritual em que ele se encontra no momento.

Devemos levar em consideração também a grande massa de pessoas que, pensando estar operando com a kuṇḍalinī śakti, começaram a cavar sua própria cova, atolados em um mar de ignorância e uma fossa de autoengano. Eu já perdi a conta de quantas vezes já escutei a expressão: eu tenho a kuṇḍalinī desperta, tanto ao vivo e a cores, quanto por fóruns na internet, cartas e e-mails. A este respeito eu sempre digo: cuidado! Isso basta. As pessoas que realmente são devotadas a uma espiritualidade pura sem as máculas do complexo ego-personalidade logo desfazem o nó criado pelo ego e se põem em seu lugar. Além de alguns adeptos tântricos de alto calibre moral, eu não conheci ninguém com a kuṇḍalinī śakti plenamente desenvolvida e operando em equilíbrio. As pessoas deveriam se envergonhar em dizer isso!

Ademais, kuṇḍalinī desperta e elevada não é sinônimo de liberdade interior. Ao que tudo indica, a liberdade interior e a benevolência andam de mãos juntas em um mestre autêntico; um mestre liberado que seja mau é simplesmente uma impossibilidade. Sem dúvida, antes de atingir a plena liberação ou iluminação, os adeptos com a kuṇḍalinī em plena operação podem manifestar traços de caráter muito indesejáveis, ou até mesmo psicopatológicos. Nesse sentido, existe o perigo de confiar a própria vida espiritual a um mestre que pode ter todo tipo de realizações e faculdades extraordinárias promovidas pela plena experiência da kuṇḍalinī, dotado até mesmo de características sobrenaturais, mas que ainda não transcendeu a ilusão do ego.

O que se segue foi minha resposta:

Olá Juliana, bom dia.

Namaskār.

Obrigado por sua mensagem e desculpe a demora. Tive de recorrer a alguns amigos e adeptos mais experientes para poder responder seu questionamento de uma forma bem fundamentada. Nós temos de levar em consideração as três doenças mentais que você citou (bipolaridade, paranóia e esquizofrenia) e o que isso tem a ver com a experiência do despertar e da ascensão da kuṇḍalinī, e como este processo ocorre na anatomia sutil.

Vamos começar descartando a bipolaridade. Na Índia, segundo a Āyurveda, a bipolaridade é uma doença mental causada pelo desequilíbrio das três guṇa-s (qualidades da natureza) nos doṣa-s (humores corporais). Resumindo brevemente, quando a mente se encontra em uma predisposição tamásica ocorre a depressão; quando a mente se encontra em uma predisposição rajásica ocorre a mania. Portanto, o tratamento e a possível cura para bipolaridade, segundo a medicina ayurvédica, é uma satvificação do corpo, mente e emoções. Isso se dá através da prática do Yoga, meditação, massagens e o cultivo de um estilo de vida saudável, simples e menos consumista. Alimentação vegetariana, livros e filmes que inspirem a paz, harmonia, felicidade etc.

Assim descartamos a associação entre a bipolaridade e a experiência da kuṇḍalinī, pelo menos nas pesquisas que fiz. Dos médicos ayurvédicos que consultei, nenhum mencionou a bipolaridade como um sintoma desequilibrado da experiência da kuṇḍalinī.

Nas pesquisas que fiz, tanto a esquizofrenia quanto a paranóia podem ser associadas ao fenômeno da kuṇḍalinī. Eu descobri que na Índia inúmeras pessoas que são diagnosticadas com esquizofrenia estão passando por algum tipo de despertar espiritual, muitas vezes associado ao despertar da kuṇḍalinī. Como seus corpos e mentes não estão purificados o suficiente para que esse processo ocorra sem dificuldades, ele é acompanhado por rupturas na psique, causando assim a desfragmentação da substância mental. Um fenômeno que está completamente longe de ser diagnosticado pela medicina ocidental.

O despertar da kuṇḍalinī ocorre de maneira distinta nas pessoas. Eu não posso lhe dar uma cartilha que revele instruções de como se fazer para despertá-la e como lidar com os sintomas promovidos por esta experiência. Contudo, várias tradições tântricas relataram meios, muitos dos quais desenvolvidos por mestres através dos séculos, por onde o adepto poderia despertar e manipular com impunidade esta energia. De acordo com as escrituras e as instruções de alguns ācārya-s experientes, a kuṇḍalinī pode ser desperta por alguns métodos como:

1. utilização de certas drogas ou gañjā (cannabis);
2. prática intensa de respiratórios (prāṇāyāma);
3. dedicação a prática espiritual (sādhanā);
4. pela graça do guru no processo de transferência da energia espiritual (śaktipāt);
5. por acidente ou trauma;
6. espontaneamente.

Da mesma maneira, alguns mestres deixaram registros de suas experiências com a kuṇḍalinī e os sintomas dela derivados:

1. sensação de uma forte corrente eletrica saindo da base da coluna e subindo até o topo da cabeça;
2. calor intenso no corpo;
3. queimaduras podem aparecer na pele, por todo o corpo, sem um motivo aparente;
4. visões de energias, entidades ou seres que não são visíveis as pessoas comuns;
5. a escuta de vozes ou zumbidos;
6. a escuta e percepção de pensamentos e intensões inatas de outras pessoas.

Dentro da coluna vertebral existe um canal de energia ou consciência chamado suṣumnānāḍī. Este canal por onde flui o prāṇa (energia vital) é constiuído por três camadas ou nāḍī-s internos: vajrānāḍī, citrinīnāḍī e brahmanāḍī. Quando a pessoa não se encontra preparada, não segue uma dieta sátvica, não controla seus estímulos sensoriais e mentais, não segue as diretrizes morais e éticas do Yoga (i.e. yama e niyama), não pratica yogāsana-s e meditações regulares, é muito difícil que desperte e ascenda a kuṇḍalinī. Mas pode acontecer. Neste caso, não será com facilidade, e a experiência pode ser difícil e perturbadora. Vamos então trabalhar com esta hipótese:

A kuṇḍalinī irá ascender através da camada mais externa do suṣumnā, o vajrānāḍī, onde todos os tipos de fenômenos psíquicos se manifestarão, incluíndo a audição de vozes e a visão de diferentes tipos de entidades. Isso pode ser altamente perturbador se o corpo e a mente estiverem dominados por rajo ou tamoguṇa, fazendo com que a pessoa apresente características esquizofrênicas.

Se a kuṇḍalinī ascende através do citrinīnāḍī, haverá um número maior de experiências. Os vṛtti-s são alocados nos cakra-s ao longo deste canal. Assim, se a kuṇḍalinī ascende e invade um cakra que não está completamente aberto, sua força pode vazar para fora através de algum vṛtti particular, seja ele medo, raiva, luxúria etc. Quando isso ocorre, o vṛtti em particular torna-se supersaturado, e a pessoa se tornará obsediada, ocorrendo também um aumento gigantesco na propensão do vṛtti supersaturado. Assim, a pessoa pode manifestar características maníacas, paranóicas ou obsessivas.

Quando a pessoa faz um trabalho de preparação espiritual pela prática de yogāsana-s e as demais técnicas do haṭhayoga, faz meditações regulares, segue uma dieta sátvica e procura controlar seus impulsos sensoriais seguindo os preceitos morais e éticos do Yoga, e não havendo nenhum bloqueio no caminho, a kuṇḍalinī então ascende através do brahmanāḍī. Neste caso não haverá nenhuma perturbação, mas várias experiências elevadas na medida em que a kuṇḍalinī atravessa os cakra-s. Por exemplo, quando a kuṇḍalinī perpassa o anāhatacakra a pessoa experimenta um sentimento de conectividade com o Universo, onde tudo é banhado por uma prístina luz dourada de amor divino.

Por favor, veja se sua paciente relatou alguns dos sintomas aqui listados. Esteja a par dos medicamentos que ela está usando e pergunte também se está fazendo práticas espirituais além da meditação e se fez ou está fazendo uso de drogas (químicas ou naturais). Perceba seu problema de forma bem holística. Procure saber se todas estas informações recolhidas estão associadas também ao seu passado. No caso das drogas, indague se há uma utilização permanente ou é algo que ocorre somente às vezes. Isso tudo tem de ser levado em consideração para um diagnóstico preciso sobre os efeitos da kuṇḍalinī.

Se você tiver certeza que os efeitos que ela está apresentando estão associados à experiência da kuṇḍalinī, leve-a a um autêntico e experiente guru, svāmi ou ācārya que poderá conduzí-la ao dikṣa (iniciação), orientando-a e guiando-a com sua experiência através das práticas espirituais. Sob os auspícios de um professor fidedigno ela não terá dificuldades.

De qualquer maneira, leite e ghee, trabalho com a terra (p.e. jardinagem) e a prática de exercícios físicos (p.e. corridas e caminhadas) farão com que ela fique mais equilibrada. Ela precisa de uma prática regular de āsana-s e uma alimentação sátvica. Posteriormente, e somente então, quando sua mente estiver mais equilibrada, uma prática pessoal de meditação. A utilização de muitas ervas apontadas pela Āyurveda como p.e. a ashva-gandha podem ajudar muito.

Abraços.

Āc. Anuttara

22 comentários:

Gustavo Cunha 26 de outubro de 2009 às 07:04  

Namaste,

Eu próprio, vivenciei na pele os efeitos de um rótulo bipolar/esquizofrénico por psiquiatras alopáticos.

Em 2007, durante um retiro de yoga, experimentei aquilo que em linguagem comum seriam delírios, confusão, euforia, mania, estado de graça, etc.

As sensações foram várias, prolongadas e fortes e culminaram numa entrada imediata num hospital psiquiátrico para internamento de uma semana. Nesse período fui altamente sedado, e após a alta, continuei a fazer medicação em regime externo (Olcadil, Diplexil, Zyprexa, entre outros - antipsicóticos e afins), com consultas mensais. A medicação era bastante forte, deixava-me muito ansioso e incapaz de praticamente me movimentar. Após uma troca de medicação, o problema resolveu-se e foi sendo retirada gradualmente até ficar com uma medicação residual que ainda hoje tomo (Diplexil).

Nestes dois anos que se passaram, novos episódios se sucederam: na Índia em 2008 (num retiro de yoga) quando, por iniciativa própria, tinha parado com a medicação; e em Junho deste ano quando uma outra medicação para um outro assunto interferiu com a psique (tinha sido alertado pelos médicos que poderia acontecer - foi resolvido com a paragem dessa outra medicação).

Os meus colegas de yoga dizem-me que apesar de tudo, os episódios fazem suspeitar uma libertação de kundalini, embora, num corpo/mente ainda não purificados o suficiente para suportar tal evento.

No decorrer destes dois anos, tenho aprendido muito sobre ayurveda e yoga, o suficiente para encarar com uma outra disposição os distúrbios mentais.

As minhas conclusões, até agora, são as seguintes:

As impressões residuais na nossa mente (samskaras) e as nossas tendências, bem como hábitos (vasanas) deverão ser polidos ao longo de um processo contínuo e prolongado de modo a que aquilo que eu penso, digo e faço estejam de acordo com o objetivo da prática (sadhana). Se desejo a libertação da identificação com o indivíduo limitado, mortal e incompleto que aparento ser e residir na plenitude, totalidade e eternidada do Ser/Consciência que sou (moksha) então deverei escutar as palavras do professor/mestre/ensinamento, refletir nas mesmas para retirar qualquer dúvida voltando a escutar e indagar o professor e, posteriormente, meditar para assimilar e aplicar na vida o ensinamento.

Gustavo Cunha 26 de outubro de 2009 às 07:08  

Isto é, libertar-me de um passado/memórias, por vezes, duras e difíceis através do desapego e compreensão objetiva dos factos da vida. Alterar rotinas - alimentares, vícios, estímulos. Prolongar o tempo dedicado à meditação e estudo.

Ayurveda, através da análise de doshas, compreensão de gunas e diferentes pranas, dieta e rotina diária são uma ajuda fundamental que eu não dispenso. Livros como os do Dr. David Frawley são bastante bons, embora eu apenas usufrua de massagens ayurvédicas esporádicas e nunca tenha realizado um tratamento intenso.

A prática de Hatha Yoga - no meu caso, troquei recentemente para o método Iyengar - é parte fundamental, julgo que nem será necessário explicar porquê.

E, finalmente, o acompanhamento por um mestre, no meu caso de Advaita Vedanta, ajudou a trazer algum entendimento, uma clareza e uma certa maturidade emocional para acomodar todo esta situação e usufruir a vida. Karma e Dharma em ação.

Estou aberto a qualquer pergunta e esclarecimento que queira colocar.


Om Namah Shivaya,
Gustavo

Gustavo Cunha 26 de outubro de 2009 às 07:15  

Namaste Fernando,

Em relação ao estado de graça, ou a sensação de um estado oceânico como descrito por Régis Airault em "Loucos Pela Índia", é de "a fusão primitiva com o "grande todo", e dissolver-se, como um "boneco de sal", no oceano, para ser uno com o Universo." É um viver o presente como único instante existente, um emergir de amor, carinho e compaixão naturais, espontâneos e intensos, uma clareza, alegria e plenitude até então enterradas no interior.

Até aqui tudo bem, mas o facto é que durante este tempo há um desligar da realidade objetiva, do "pé-no-chão" e perda da capacidade de me relacionar neste mundo com os demais e com as situações, como acontece num estado de vigília normal. Outro problema é o facto de este estado alternar com momentos de confusão, um autismo e fantasias mentais relacionadas com yoga e ícones religiosos. Falar de Deus ou Jesus Cristo, nestes momentos, em nada abonam a meu favor junto de psiquiatras ou familiares.

No primeiro episódio, as sensações corporais foram as seguintes: no início sofri de um "ataque" severo e inesperado de hemorroidal, frio corporal - ao ponto de ficar de cama envolvido em cobertores, seguido do oposto, motivo pelo qual me despi completamente sem me importar minimamente com os olhares alheios - foi aí que as pessoas repararam que algo não estava bem comigo e insensibilidade à dor - pois durante este evento corri montanha a baixo a alta velocidade (combinado com saltos inimagináveis) o que provocou arranhões no corpo - as cicatrizes ainda hoje permanecem. De referir também, que tanto o primeiro episódio como o segundo, foram precedidos por um ataque de choro, como que uma catarse a uma certa angústia relacionada com o facto de estar distante da minha mãe e sentir a possibilidade de perdê-la.

Irónico é o facto de ao escrever-lhe ouvir ao mesmo tempo o seguinte mantra:

om mata om kali durga devi namo namah
shakti kundalini jagade mata

Um abraço,
Gustavo

Anônimo,  29 de dezembro de 2009 às 19:18  

Muito bom, muito esclarecedor. O ruim - pra min - é o fato de que não consegui ler direito, sou leigo em termos hindus.

Anônimo,  14 de março de 2010 às 10:43  

Vivenciei muitas das coisas descritas aqui, pelos comentários das outras pessoas.Fui também medicada e taxada de louca, bipolar, esquizofrênica e tudo mais.Fui várias vezes internada;umas cinco , pelo menos.Não aguentava mais, meu corpo estava no limite e minha mente confusa pela medicação.Estava prisioneira de um corpo e mente, em total desarmonia.Foi um inferno!Hoje, depois de uns quatro anos, tenho uma vida tranquila, com marido e filho,bem distante daqueles dias em que não conseguia confiar nem em mim.O que eu fiz?Deixei tudo pra trás, rompí um padrão na minha vida.Hoje me sinto liberta, pois sei que nada me pertence, sou uma pequena parte do todo, e o todo está em mim.

Anônimo,  30 de março de 2010 às 14:37  

Boa noite, sou um jovem de 27 anos, policia, foi-me diagnosticado esquizofrenia, gostaria se possível de saber até que ponto o yoga me pode ajudar a controlar a doença, e em Lisboa o local que aconselha para o meu caso.
Obrigado.

Anônimo,  31 de março de 2010 às 08:17  

Sou eu novamnente o policia de 27 anos, para acrescentar que quando tive um dos 2 surtos psicóticos tive alguns dos sintomas acima descritos:
-sensação de uma forte corrente eletrica saindo da base da coluna e subindo até o topo da cabeça;
-calor intenso no corpo;
-escuta e percepção de pensamentos e intensões inatas de outras pessoas.
Isto tudo sem nunca ter usado alcool ou drogas, e sem qualquer tipo de problema anterior.
Obrigado eaguardo se possivel um encaminhamneto.

Anônimo,  28 de maio de 2010 às 13:11  

Eu também julgo ter activado a kundalini aos 30 anos. Hoje tenho 34 anos e ainda surgem queimaduras (pequenas) sem motivo, tenho eczema e muitas alergias. Gostaria de saber até quando é previsível a duração destes sintomas?

drashtayoga 29 de maio de 2010 às 13:08  

Olá,

Jai Ma Guru!

Obrigado pelo comentário. Veja, não há como prever o tempo em que possíveis "efeitos colaterais" podem ocorrer ou parar, uma vez que manifestos.

Sempre acreditei que o princípio básico para se lidar com essa questão da kundaliní fosse o discernimento. É necessário se descartar todas as outras hipóteses antes de se poder afirmar que a kundaliní está sendo trabalhada verdadeiramente. Que de certa maneira ela opera o tempo todo, isto é claro, senão não estaríamos vivos. Mas para afirmar que ela está "desperta" é necessário ter muito cuidado. Essa é uma questão para se tratar com muita delicadeza.

Caso seu problema esteja relacionado aos "sintomas" do trabalho com a kundaliní, você deveria procurar com urgência uma pessoa experiente para lhe auxiliar nessa jornada.

Tome nota de todas as suas experiências, de forma bem detalhada, em um diário. Ele será seu salvaguardo em épocas tempestuosas.

Esteja consciente de todo o processo pelo qual você está passando. Esta consciência do agora também será seu salvaguardo contra as falácias do ego que irá lhe acompanhar por todo caminho.

Essas atitudes bem simples para com sua experiência muito lhe ajudarão na busca que está empreendendo.

Tenha sempre em mente que a experiência com a kundaliní não é algo sobrenatural ou hiperfísico. Quando a experiência é verdadeira, ela simplesmente ocorre. Mas é o seu estado de consciência quem irá definir a proporção de toda experiência. As possibilidades são infinitas. Se as células do corpo não estiverem preparadas para receber e armazenar o manancial de energia que a experiência liberará, então o nível físico será bem abalado. Etc...

Se estabelecer em uma prática espiritual efetiva e verdadeira também ajuda muito. Isso você pode aprender com alguém mais experiente.

Um grande abraço.

Om Namah Shivaya!

Anuttara

Soraia Miguel,  5 de outubro de 2011 às 08:13  

Ola,tudo bom com vc?Espero não está incomodando ,pois bem,entrei no seu blog e peguei o e-mail gostaria de uma resposta sua...

Meu nome é Soraia Miguel,tenho 41 anos e quando tinha uns 14 comecei a fazer mil dietas para emagrecer ,tomando remédio,até que com 24 anos tive um surto,por causa das anfetaminas...Resumidamente os psiquiatricas disseram que eu danifiquei o meu cérebro de tanto remédio.Dizem que tenho esquizofrenia por causa das anfetaminas.....tomo um remédio para manutenção pra não ter nenhum surto Será que posso fazer meditação sem nenhum problema, meditação e boa para quem tem algum problema mental?Ou pode piorar...Está é minha duvida...Se posso fazer meditação sem nenhum problema?E a kundaline pode ser desperta e eu escutar vozes,pois a doença è assim,como distinguir a diferença da doença e sobre o despertar da kundaline?

obrigada
namastê

drashtayoga 5 de outubro de 2011 às 08:15  

Olá, boa tarde.

Om Namah Shivaya!

Obrigado por sua mensagem, é sempre muito engrandecedor trocar experiências.

Veja, hoje, na Índia, sob um ponto de vista estritamente ayurvédico,
muitos pacientes rotulados como esquizofrênicos na verdade não estão
padecendo de esquizofrenia, mas ao contrário disso, estão passando por
um processo de despertar espiritual, muitas vezes associado ao
fenômeno do despertar da energia potencial ou kundalini.

Muitos adeptos realizados, mestres espirituais, descreveram suas
experiências com a kundalini e seus relatos são muito parecidos com a
manifestação da esquizofrenia em seus estágios iniciais. Mas todos nós
somos um pouco esquizofrênicos por natureza, uma vez que quando
queremos algo que sabemos ser ruim, os mais variados tipos de
complexos e culpas começam a se manifestar. Swami Satyananda Saraswati
diz que este é o início da esquizofrenia. E sobre a conexão entre a
experiência espiritual da kundalini em relação à doença, ele diz:
“Observações científicas revelaram efeitos diferentes quando ocorre o
despertar da kundalini. Aqueles que despertam a kundalini no momento
de seu nascimento não registram quaisquer alterações emocionais. São
como blocos de madeira. Aqueles que despertaram a Kundalini através do
pranayama possuem uma grande quantidade de energia quântica e carga
elétrica na coluna vertebral e em todo o corpo, isso poderia fazer com
que, momentaneamente, pudessem manifestar a esquizofrenia.”

Mas isso não significa que todos os esquizofrênicos estão passando
pela experiência da kundalini em atividade ascendente. Eu acredito,
pelo seu relato, que este é exatamente o seu caso. Você disse que
muito cedo começou a tomar medicamentos (anfetaminas) e que isso,
segundo os médicos, danificou sua estrutura cerebral. Eu acredito que
sim. Não só sua estrutura cerebral, mas também sua estrutura psíquica,
seus chakras e o campo energético como um todo.

Eu não recomendo a diminuição ou a interrupção da terapia com os
remédios a que você se submete no presente. Mas indico, de imediato, a
meditação. Na verdade, uma disciplina de prática espiritual aliada a
um estilo de vida saudável.

Através de minha experiência como yoga terapeuta com paciente
esquizofrênicos e bipolares, notei que, a disciplina nos atos diários,
aliada a uma prática saudável de meditação, posturas físicas e
respirações adequadas melhoram muito o quadro da doença. Em Ayurveda,
a esquizofrenia é uma doença de tipo vata (ar) que associa-se
diretamente a mente. Portanto, quando há também o foco na cura e no
equilíbrio mental é possível harmonizar-se completamente.

Vamos conversando...

Anônimo,  28 de abril de 2012 às 15:17  

Tenho 47 anos e pratico(sem mestre) meditação com prática respiratória desde os 13 anos. Com cerca de 40 tive problemas sérios de insônia e ansiedade que me levaram a ficar dependente de medicamentos para dormir. Aos poucos pude relacionar isto com a Meditação, pois ao parar após alguns dias voltava ao normal. Após alguns anos entendi exatamente a relação do despertar Kundalini com um estado mental inadedequado (despreparado). Hoje entendo que o Yogue precisa ter o estado mental de "pés-no-chão" de humildade e de honestidade com todos. Assim posso meditar e fico bem. Obrigado a todos!. Namastê!

Carlos Misses 12 de junho de 2012 às 05:56  

compreendi que kundalini provoca no individuo praticante estados alterados de conciencia e casos, como se fosse uma esquizofrenia. Vi a ação da kundalini inclusive atualmente em pessoas crentes em culturas ou chamadas cristãs. algumas delas foram para hospicios e ficaram anos sofrendo espasmos kundalinicos, bem como dependencia de medicação controlada.
Nestes casos a intensidade dos sintomas era impressionante, pois hora gerava uma fadiga esmagadora, como tambem uma energização ao ponto da pessoa tremer toda (tremor).
a kundalini atualmente em pessoas do meio evangelico tem crescido assustadoramente, porem eles mesmos não sabem que possuem tal e acreditam ser uma "manifestação do Espírito Santo" no sentido que promove entre eles em seus cultos, porem tem surgido no proprio seio deles estes casos de deformação pela ação e ou pratica kundalini.

A confusão mental está ligado a kundalini?
Bem como, kundalini está ligado a esquizofrenia?

drashtayoga 2 de julho de 2012 às 11:05  

Olá Carlos,

Om Namah Shivaya!

Obrigado pelo seu comentário e indagações.

>> A confusão mental está
>>ligado a kundalini?

Não podemos dizer que *toda* confusão mental está associada a qualquer tipo de experiência com o despertar ou ascensão da kundalini. A confusão mental, os delírios, as alucinações e toda sorte de sintomas relacionadas a distúrbios mentais nem sempre estão associados à experiência da kundalini. O despertar da kundalini envolve determinados fenômenos psíquicos, mas primordialmente, é uma experiência espiritual. Existem alguns pontos a serem considerados quando lidamos com as manifestações da kundalini:

i. experiências genuínas são raras;

ii. quando o aspirante está sob a orientação de um guru ou um professor qualificado, suas experiências são determinantemente colocadas em perspectiva, o que garante o controle total do processo;

iii. executar uma seqüência de práticas apropriadas, treinar sob a orientação de um guru ou professor e percorrer vagarosamente o caminho espiritual, faz com que o processo de purificação física ocorra com mais facilidade. Assim, as experiências que acompanham o despertar podem ser amenizadas para que proporcionem paz e sabedoria;

iv. Após a experiência genuína, o que fica é um estado de bem-aventurança, paz e elevado nível de consciência.

O resultado desta experiência é o suficiente para incinerar todas as dúvidas. O corpo se torna leve como o ar. Passa-se a ter uma inesgotável energia para o trabalho e uma mente equilibrada em meio às provações e tribulações da vida.

Portanto, não podemos associar *toda* confusão mental a kundalini. A confusão mental inclina-se mais a estar associada aos distúrbios dos chakras do que com a própria energia da kundalini em si. Essa confusão mental ocorre na experiência da kundalini quando o corpo e o sistema nervoso não estão preparados para lidar com esta energia. Portanto, no kundalini-yoga nós primeiro começamos com os cakras e depois com o trabalho da kundalini.

>> kundalini está ligado a esquizofrenia?

Não. Como falei acima, a kundalini é um fenômeno essencialmente espiritual. A esquizofrenia, bem como qualquer doença mental *nem sempre* está associada a kundalini e sua experiência. Outros fatores causam essa doença. Mas os sintomas que geralmente são associados a esquizofrenia podem ocorrer em uma pessoa *despreparada* que esteja passando pela experiência da kundalini. Na medicina ocidental essa pessoa seria *rotulada* como esquizofrênica.

Grande abraço.

Jai Maa.

Fernando Liguori

Anônimo,  29 de julho de 2013 às 08:09  

Eu tenho 20 anos, cresci numa família evangelica mas deixei de seguir a religião há uns 8 anos talvez, deixou de fazer sentido para mim não.
Os meu pais sofrem de depressão desde a adolescência e eu tenho sufrido com eles, desde puto sempre fui muito pensativo, procurei sempre pela verdade da existencia, aos 10 anos interrogava-me porque é que estava onde estava, porque é que éra a pessoa que era e não outra pessoa do mundo, apercebi-me do karma sozinho, aos 15 comecei a fumar cannabis casualmente, um dia surgiu-me o pensamento de que devia haver uma maneira de se ser sempre feliz, porque a vida deveria servir para sermos felizes e não ao contrario e se assim for algo esta errado, isto porque ora estamos muito bem ora estamos pessimamente mal.
Comecei a interessar-me por a biblia, conhecia o movimento rastafary ouvia reggae, mas depois encontrei o hinduismo li tambem sobre o movimento nova era, e foi como uma epifania estava ali o que eu procurava, comecei a meditar, tornei-me vegetariano, um dia senti uma grande energia, um calor preencher o meu corpo, vieram-me as lágrimas, uma grande paz, senti-me liberto de todo o negativismo, sentia-me em paz com toda a gente, parecia que lhes conseguia ler os pensamentos e sentir a energia deles,a mente estava limpa e positiva, foi uma grande mudança, e senti que tinha de ajudar os outros a obter o mesmo, mas a dada altura começou a abater-se um negativismo e um medo sobre mim, parecia que as pessoas me sugavam a energia, especialmente os meus pais, a minha mente tornou-se mais obsessiva e esquizofrénica do era antes

Anônimo,  30 de outubro de 2013 às 10:42  

Será que por eu ter esquizofrenia devo desistir de buscar o despertar espiritual para não ter mais surto?

Anônimo,  30 de dezembro de 2015 às 18:31  

Olá. Li algumas mensagens, acho que posso contar rapidinho algumas das experiencias que passei que, quiça, ajudem a quem ler. Essa experiência que tive, na pratica de ioga, fui descobrindo apenas aos poucos, dando muito tempo para que a percepção aflorasse, ou seja, apos muita respiração, muito silencio.

Pratiquei ioga um tempo, e junto a algumas praticas energeticas, comecei a sentir uma grande potencia em meu corpo, muita energia para gastar. Na medida em que praticava, deixava a respiração entrar no corpo, os pensamentos passarem, a musculatura ficava mais solta, a consciencia corporal aumentava, o foco era todo no presente. Essa era a parte incrivel do ioga. Mas na medida em que praticava as respiracoes alternadas, o kapalabati, sentia muita energia "ventilando", muitos desejos aflorando. Aos poucos, me tornei dependente dessas praticas energeticas, e perdendo o controle, meu corpo comecou a travar. Foi aos poucos, ao longo de mais de 1 ano, e até perceber que a corpo travava cada vez mais, que o abismo aumentava, que a consciencia diminuia demorou. O que aconteceu foi que a energia que trouxe para o corpo era tanta, que entupiu os canais energetico, como se os chakras fechassem, um por um. Quanto mais fechado o corpo, mais energia travada, mais pensamento circulando: menos paz.
A partir do momento em que me toquei, passei a cortar praticas energeticas e focar em apenas meditar, tal como zazen: deixa a respiracao entrar, os pensamentos passarem, a respiração entrando vai soltando aos poucos o corpo, aos poucos invadindo novamente o corpo a consciência, até que, depois de mais de dois anos, estou melhor do que na época em que comecei a pratica de ioga: mais firme, com mais equilibrio, e muito mais em paz.

Dois anos, ou até mais: ou seja, muito tempo. Nisso tudo, um segredo maior e tão simples que descobri: paciencia e tempo. É preciso dar tempo, porque tanto o processo de bloqueio foi se desenvolvendo ao longo do tempo, quanto o de soltura tbm precisou de tempo: não existe magica, a não ser o próprio tempo, e o foco no seu tempo, no silencio do presente que vive em nossa respiracao.
O experiência interna disso tudo é inexplicavel, impossivel de ser contada. Cada um vive de maneira distinta as coisas. Mas foi preciso dessa paciencia, de ter tranquilidade e coragens nos momentos mais dificeis de desequilibrio e acreditar sempre naquilo que estava vendo e vivendo (nunca no que os outros poderiam dizer - ouvi todos, mas tirava de todos tudo aquilo que podia ajudar naquilo que via e sentia). Foco sempre na respiração, no silêncio, abrindo o corpo para o universo presente, sem preocupacoes. A respiração abre o corpo para o universo.

Que quem leia retire desse textinho tudo que puder ajudar. Tentei deixar nele varios cantos, sem nenhuma formula nem promessa, para que cada um continue seu proprio caminho com toda a coragem que isso possa exigir. Coragem, força, paz.

André Figueiredo 20 de agosto de 2016 às 05:53  

É assustaor encontrar num site de yoga tantas pessoas associarem o despertar de kundalini com uma doença como esquizofrenia. Assusta-me o total desconhecimento dos shastras e da filosofia da yoga. Parece que ninguém entendeu que a kundalini desperta no momento da iluminação, quando a pessoa realiza e se torna una com Brahma. Ninguém entendeu que esta experiência é acompanhada de Samadhi e ênxtase. Parece que ninguém entendeu que a mente de um esquizofrênico é confusa e fragmantada, e que a iluminação é superação de avidia, ignorância. Ninguém entendeu que só os sábios despertam kundalini. Ninguém entendeu que é necessário estar no caminho espiritual. Ninguém entendjeu que na iluminação se sai da ignorância e avidia para se entrar na hiper-lucidez do samadhi. Parece que ninguém entendeu que esta experiência desata nós e liberta o homem do sofrimento e o torna um deus. Parece que ninguém entendeu que o despertar do kundalini liberta o homem do envelhecimento e da doença, não cria doença. Parece que ninguém entendeu que despertar de kundalini é cura e não adoecimento. Aconselho a leitura do Hatha-yoga Pradipika, de Svatmarama.

drashtayoga 20 de agosto de 2016 às 06:06  

Pois é André Figueiredo, somente você compreendeu a história toda da Kundalini. deve ser por isso que você está aqui pentelhando a vida de outra pessoa. Deve ser por causa desse conhecimento que você acessou que a sua vida está em harmonia e equilíbrio. Você é o cara!

drashtayoga 20 de agosto de 2016 às 06:10  

De todo modo, prefiro ainda continuar a me basear nos shastras e me apoiar nos ombros de mestres. Se você entendeu, passe então a "bailar no seu quafrado.

Margareth Luisi 26 de outubro de 2016 às 09:59  

Que maravilha, Fernando Liguore! Puro momento de iluminação!

Anonimo 5 de novembro de 2016 às 04:13  

Meu caro André, os relatos aqui não manifestam má compreensão, mas experiências reais. A vida não é uma questão de compreensão, mas de atividade.
Os relatos expressam muito mais os desvios que podem acontecer em uma busca pelo despertar da kundalini do que erros de análise. Aconselho a você seguir de maneira mais humilde no seu caminho, e antes de tudo saber ouvir as palavras dos outros como manifestação real da experiência de alguém. Não existe nenhum conhecimento absoluto, nenhum Caminho absoluto que não seja o Seu próprio caminho. Abracos.

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